sábado, 22 de fevereiro de 2020

Edvard Munch, coleção grandes mestres da pintura

Edvard Munch, coleção grandes mestres da pintura

"A doença, a loucura e a morte foram os anjos negros que velaram sobre meu berço", escreveu o pintor norueguês Edvard Munch, cuja mãe morreu tuberculosa, quando ele tinha apenas cinco anos de idade. A irmã mais velha também morreu tísica, aos 15 anos. Uma outra irmã, mais nova, foi internada com o diagnóstico de esquizofrenia. O pai tinha surtos de depressão e arroubos de fanatismo religioso. Aos 35 anos, o próprio Munch foi vitimado por um colapso nervoso, agravado pelo alcoolismo e por uma desilusão amorosa.

A história de Edvard Munch é uma sucessão de acontecimentos turbulentos, que ficariam registrados em sua obra, caracterizada por temas recorrentes como a doença, a angústia e o delírio. "Eu não posso me desfazer de minhas enfermidades, pois há muita coisa em minha arte que só existe por causa delas", reconhecia.

Munch nasceu na Noruega, em 1863. Com a morte da mãe, passou aos cuidados de uma tia, que se encarregou de sua educação e o iniciou no mundo das telas e pincéis. Tornou-se aluno da Escola de Artes e Ofícios da cidade de Kristiania, atual Oslo, e começou a pintar seguindo os moldes naturalistas, seguindo os passos de seu mestre à época, Christian Krogh, um dos principais nomes da arte realista norueguesa, de forte conotação social. "Queremos mais do que uma mera fotografia da natureza. Não queremos pintar quadros bonitos para serem pendurados nas paredes das salas de visitas. Queremos criar uma arte que dê algo à humanidade", dizia Edvard Munch.

Foi durante as primeiras viagens a Paris, em 1885 e 1889, que Munch entrou em contato com a obra dos pós-impressionistas e ficou particularmente fascinado pelo trabalho de Vincent van Gogh e Paul Gauguin. Estava preparado o terreno para a grande transformação pela qual viria a sofrer sua obra, que passou a refletir sobre as profundezas da alma humana. Munch, com suas pinceladas intensas e temáticas de forte teor psicológico, tornou-se uma das principais fontes do movimento expressionista alemão.

A partir de 1892, começou a levar uma vida movimentada, com seguidas viagens pelo continente. Permaneceu por longas temporadas na Alemanha, onde se integrou naturalmente à vanguarda boêmia e intelectual de Berlim e viveu seu período mais criativo. Visitou a Itália, retornou algumas vezes à França e fez visitas ocasionais à terra natal, a Noruega. Tornou-se um artista cosmopolita até que, em 1908, uma crise nervosa agravada pelo alcoolismo, provocou sua internação em um clínica de doentes mentais na Dinamarca.

Antes mesmo de receber alta é nomeado Cavaleiro da Ordem de St. Olaf por sua atividade artística e em 1909, já fora da Clínica realiza uma exposição com sucesso de vendas e ganha o concurso para decorar, com painéis pintados a óleo, as paredes do salão nobre da Universidade de Oslo. Mas, logo depois disso, buscou refúgio em um estilo de vida solitário, nos arredores da cidade.

Nem assim Edvard Munch encontraria paz e sossego. Em 1937, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, foi considerado pelos nazistas como um "artista degenerado". Três anos depois, com a Noruega já ocupada pelo exército alemão, foi convidado pelo governo para fazer parte de um Conselho Honorário de Arte. Munch rejeitou a oferta e se recusou a colaborar para um regime manipulado por Hitler.

Em seus últimos anos de vida, pintou uma série de auto-retratos, em que mostrava os efeitos do tempo sobre si próprio. Morreu em janeiro de 1944, sem conseguir assistir ao final da guerra e a derrota dos nazistas. [https://mestres.folha.com.br/pintores/15/]




Nenhum comentário:

Postar um comentário